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Quando surgem os dentes de
leite?
“Eles despontam entre o sexto e o nono mês, mas os pais não
precisam se preocupar com antecipações ou demoras”, avisa o dentista Leonardo
Ganzarolli, do Instituto Bibancos de Odontologia, em São Paulo. A arcada de
leite se desenvolve até os 3 anos. Nessa idade, a criança deverá ter dez dentes
superiores e dez inferiores. Alguns bebês, apressadinhos, já nascem com dentes
(é o que os especialistas chamam de dentes natais) ou iniciam esse processo
ainda no primeiro mês (dentes neonatais). Um odontopediatra deve ser procurado
nesses casos e também se, ao completar 1 ano, o pequeno ainda estiver sem
nenhum dente. Entre esses extremos, as variações são normais. Não se preocupe.
Como percebo que eles estão a caminho?
Cerca de um mês antes, a gengiva incha e avermelha. Prepare-se:
a previsão é de choro, irritabilidade, dificuldade para dormir e falta de
apetite. Não se esqueça também de reforçar o estoque de babadores. “A salivação
aumenta devido ao amadurecimento das glândulas salivares, e a criança não con
segue engolir o excesso de líquido”, explica a odontopediatra Vivian Farfel, de
São Paulo. Por isso, os bebês babam tanto quando saem os dentes.
Por que a chegada dos dentes causa febre e diarreia?
“Uma febrinha leve é normal, já que a erupção dos dentes desencadeia
um processo inflamatório”, explica o dentista Marcelo Sarra Falsi, de São
Paulo. Quanto à diarreia, o problema é outro. Como os pequenos levam tudo à
boca tentando amenizar o incômodo, correm mais risco de entrar em contato com
objetos contaminados. É daí que podem vir os distúrbios gástricos que causam
diarreias.
O que faço para amenizar o incômodo do meu bebê?
Massagens e contato com baixas temperaturas ajudam a
descongestionar as gengivas e deixam seu fofo mais confortável. “Envolva o dedo
em uma gaze ou fralda embebida em água filtrada ou soro fisiológico e faça uma
leve fricção em toda a gengiva”, ensina Vivian. Outra opção é refrigerar os
mordedores de gel antes de dá-los a seu filho. “Colocar uma colher na geladeira
e aplicá-la na área também funciona”, diz o dentista Flávio Luposeli, de São
Paulo.
Anestésicos locais aliviam as gengivas?
O efeito é passageiro. Além disso, há riscos de medicar o bebê
por conta própria. Em casos de febre acima de 38,5 °C ou de inflamação
excessiva, que impeça a criança de dormir e se alimentar, o pediatra ou o
odontopediatra devem ser consultados. Eles podem indicar um medicamento para
diminuir a dor e a inflamação.
Em que momento devo marcar consulta no odontopediatra?
Se o pediatra do bebê acompanha de perto a dentição dele, a
visita ao especialista pode ser adiada até 1 ano. Nela, o dentista fará uma
avaliação geral e orientará sobre cuidados de higiene, alimentação e hábitos de
sucção (chupeta, mamadeira, dedo). Antecipe a agenda, porém, se notar alterações
no formato, na cor e no posicionamento dos dentinhos. Fique de olho ainda em
traumas (como quedas) e no surgimento de manchas brancas ou escuras, que podem
indicar cárie. Foi-se o tempo em que a primeira dentição não tinha importância
porque seria substituída. Hoje, sabe-se que ela é fundamental para a deglutição
e a digestão dos alimentos, funciona como guia da dentição permanente e
influencia o desenvolvimento da fala. Por isso, merece atenção desde cedo,
ainda que outros procedimentos preventivos, como a aplicação de flúor, demorem
a entrar em cena. “O flúor deve ser encarado como um medicamento, e sua
indicação depende do risco de cárie de cada criança”, alerta Vivian.
O que fazer se um dente de leite não nasce? Por que isso
acontece?
Os motivos variam. O mais comum é a agenesia, quando o dente não
se forma. Isso acontece ainda na gestação. Por volta da sexta semana, são
formados os dentes de leite; no quinto mês, os permanentes. Na maioria das
vezes, a falha é de origem genética e não pode ser evitada. Há casos, porém, em
que o dente não aparece porque tem sua saí da obstruída pela gengiva, muito
espessa, ou devido a algum distúrbio. “Mas é um problema raro na dentição de
leite”, diz Falsi. Exames clínicos e radiografias ajudam no diagnóstico. Mais tarde,
ao surgirem os permanentes, o uso de aparelho ou um implante corrigem a falha.
O excesso de espaço entre os dentes de leite é motivo para se
preocupar?
“Pelo contrário. A presença desses vãos é normal e desejável na
arcada de leite, quando o número de dentes é menor do que o que teremos na vida
adulta”, explica Vivian. Esses espaços, mais tarde, vão permitir a melhor
acomodação dos 12 dentes a mais (e maiores) que irão formar a dentição
definitiva. “Em 95% dos casos, o diastema – espaço entre os dentes – na
dentição permanente é consequência de maus hábitos, como o uso de chupeta e
mamadeira”, completa Falsi.
Chupar dedo, chupeta e mamadeira prejudica mesmo a dentição?
Sim. Esses hábitos estão associados a flacidez na musculatura da
face e a alterações no alinhamento dos dentes e no posicionamento da língua.
Mastigação, fala e respiração são afetadas. Quanto maior o tempo de uso de
chupeta e mamadeira, pior. E, após o segundo ano, não há por que mantê-las na
rotina do pequeno. “Mas, como a criança estabelece uma relação emocional com
esses objetos, é bom prestar atenção se ela está num momento feliz para a
retirada”, alerta Luposeli. Escolha uma fase em que seu filho esteja tranquilo
e elimine primeiro a chupeta e a mamadeira do dia, depois a noturna, propondo
um acordo ou uma troca. Fique preparada, porém, para idas e vindas nesse
processo. Quanto a chupar dedo, desestimule desde os primeiros dias – por ter
formato anatômico, a chupeta ainda é uma opção menos danosa.
A partir de quando devo escovar os dentes do meu filho?
Comece assim que sair o primeiro dentinho. “Prefira uma escova
de cabeça pequena e cerdas macias e planas”, ensina Falsi. Realize a limpeza
sempre após as refeições e à noite, usando pasta sem flúor e em pequena
quantidade (o equivalente a meio grão de lentilha). “Como o bebê não sabe
cuspir, ele poderia engolir essa espuma com flúor. Acontece que esse mineral já
está presente na água e em alguns alimentos, e seu acúmulo no organismo pode
provocar fluorose, que causa defeitos no esmalte dental, como manchas e
falhas”, explica Ganzarolli. O uso do fio dental começa quando praticamente
todos os dentes já tiverem nascido, e os enxaguantes bucais só entram em cena
depois dos 6 anos.
É preciso cuidar da higiene bucal antes dos dentes nascerem?
A limpeza diária com gaze ou dedeira embebida em soro
fisiológico deve integrar a rotina do pequeno desde sempre. Mesmo que seu
filhote só mame no peito, higienize a boquinha dele após cada mamada, inclusive
à noite, quando a produção de saliva cai, diminuindo a proteção natural contra
germes. Esse hábito ajuda a prevenir um dos piores vilões da dentição de leite:
a cárie de mamadeira.
O que é a cárie de mamadeira?
É uma infecção grave, que atinge todas as faces do dente e se
espalha rapidamente. É causada por bactérias e não dá para descuidar. Para
livrar seu bebê dessa ameaça, capriche na higiene; jamais mergulhe a chupeta em
açúcar ou mel; não adoce a mamadeira (nem mesmo as de chá); e, assim que
possível, desestimule o hábito das mamadas noturnas. Tem mais: não sopre a
papinha, não beije seu filho na boca nem coloque a chupeta, o bico da mamadeira
ou a colher do bebê na sua boca. Assim, você evita transferir bactérias da
cárie para ele.
A saúde bucal dos pais interfere na do bebê?
Claro! Além do risco de transmissão direta das bactérias da
cárie, tem a questão do exemplo. “A receita do sucesso é fazer a criança
perceber que você não apenas a ensina a cuidar dos dentes como também segue
essa rotina”, explica Vivian. Escove os dentes na frente do seu filho e, quando
ele tentar imitá-la, ajude-o a manusear a escova. Pode até fazer de conta que
ele está escovando sozinho e você só vai dar um retoque, mas não dispense esse
cuidado – até 6 anos os pequenos não têm destreza para fazer uma boa escovação.
Autor: Thaís Szëgo Atualizado em 19.01.2012