quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Hospital do Vaticano usa células-tronco adultas para curar leucemia

Pesquisadores do Hospital Pediátrico Bambino Gesù  estudaram a possibilidade de transplante de células-tronco adultas em crianças com doenças genéticas, tumores no sangue e problemas de imunodeficiência. A notícia é especialmente animadora para os portadores de leucemia, em que é amplamente conhecida a dificuldade de se encontrar doadores compatíveis para um transplante de medula óssea. Os pesquisadores do Bambino Gesù descobriram que é possível manipular e transplantar células-tronco adultas, retiradas dos pais do paciente, mesmo que eles não tenham a compatibilidade genética “clássica” exigida para o transplante de medula. No caso de doenças raras do sangue, a técnica foi experimentada em 23 crianças, com um índice de sucesso de 90%. Os pesquisadores também aplicaram a técnica em mais de 70 crianças com leucemia aguda, com sucesso de 80%. Os resultados foram, primeiro, apresentados em dezembro do ano passado em um congresso nos Estados Unidos, e posteriormente publicados na edição de 28 de maio da revista Blood , da Sociedade Americana de Hematologia.
Pois é, enquanto a Igreja levava (e ainda leva) pedras por se opor à pesquisa com embriões, suas instituições estão trabalhando em alternativas eticamente aceitáveis para evitar a destruição de seres humanos em laboratório. Já falamos aqui da parceria entre o Vaticano e um grande laboratório para promover a pesquisa com células-tronco adultas, e agora surge esse resultado espetacular do Bambino Gesù. E entre os críticos da Igreja podemos colocar a geneticista Mayana Zatz; em 2006, no programa Roda Viva, ela culpou o Vaticano  pela não aprovação, na Itália, de uma lei que permitisse a pesquisa com embriões. E reparem nas alfinetadas que ela dá nessa entrevista de 2010 ao jornal O Globo . Aliás, no melhor estilo “esqueçam o que eu escrevi”, na entrevista ela celebra a pesquisa com células iPS, a mesmíssima pesquisa da qual ela fez pouco em seu blog em 2008  para argumentar que era preciso investir no uso de embriões. E, por fim, na matéria que a Gazeta publicou há algumas passada, está lá a Mayana dizendo à Agência Estado “Não trabalho com células embrionárias. Já me ofereceram embriões várias vezes, mas no momento não estou fazendo nada com elas”. Isso sem que tenhamos visto um mea culpa ou qualquer coisa do tipo. Claro, muito melhor que ela esteja hoje fazendo pesquisas com células-tronco adultas em vez de usar embriões. Mas fica óbvio que, nessa história toda, é a Igreja que merece reconhecimento pela sua coerência.
Consulte esta publicação nesta fonte: http://www.ospedalebambinogesu.it/en/staminali-cellule-manipolate-consentono-trapianto-di-midollo-da-genitore-in-assenza-di-donatore-compatibile#.VAihfvldX9x

Exercício físico de gestantes acelera desenvolvimento cerebral dos bebês

As atividades físicas da mãe, segundo os autores do estudo, podem influenciar a vida inteira de seus filhos
Cerca de 20 minutos de exercícios moderados três vezes por semana durante a gravidez acelera o desenvolvimento cerebral de crianças recém-nascidas, segundo uma pesquisa da Universidade de Montreal.
As atividades físicas da mãe, segundo os autores do estudo, podem influenciar a vida inteira de seus filhos. "Esperamos que a nossa pesquisa encoraje as mulheres a adotarem um estilo de vida saudável, já que alguns exercícios físicos simples durante a gestação podem fazer a diferença no futuro da criança", ressalta Dave Ellemberg, autor principal do estudo, apresentado este domingo (10) em um congresso de neurociência em San Diego (EUA).
"O sedentarismo pode levar a complicações durante a gravidez. A opção por exercícios físicos, por sua vez, aumenta o conforto da mulher e reduz o risco de obesidade da criança", explica Daniel Curnier, coautor da pesquisa. - Já que estas atividades podem ser benéficas ao cérebro do adulto, concluímos que a qualidade de vida das gestantes provoca um efeito positivo em seus fetos.Pouco tempo atrás, obstetras orientavam as mulheres a diminuírem o ritmo de seus exercícios durante a gravidez. Recentemente, no entanto, concluiu-se que esta orientação causaria problemas de saúde.
Ellemberg e Curnier monitoraram as atividades físicas de dez gestantes, realizadas três vezes por semana, por cerca de 20 minutos. Elas correram, nadaram ou andaram de bicicleta. Mulheres de um segundo grupo permaneceram sedentárias durante toda a gravidez.
Quando os recém-nascidos tinham entre 8 e 12 dias de vida, os pesquisadores conferiram, com eletrodos, como os bebês reagiam durante o sono ao ouvirem determinados sinais.
Os filhos de mulheres que se exercitaram tiveram mais facilidade para identificar as mudanças de sons. "Nossos resultados mostram que os bebês nascidos de mulheres ativas durante a gestação tinham uma atividade cerebral mais madura. Isso sugere que seus cérebros se desenvolveram mais rapidamente", explica Labonté Le-Moyne, outra integrante do grupo de pesquisas de Montreal.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/saude/conteudo.phtml?tl=1&id=1424562&tit=Exercicio-fisico-de-gestantes-acelera-desenvolvimento-cerebral-dos-bebes

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Células-tronco e estímulo elétrico recuperam movimento de paraplégicos

Neurociência

Técnicas atuam diretamente na lesão que causou a paralisia, para reestabelecer a comunicação natural entre os membros e o cérebro

Juliana Santos
Paciente com paraplegia durante condicionamento muscular dos membros inferiores utilizando a Estimulação Elétrica Neuromuscular
Paciente paraplégico durante condicionamento muscular dos membros inferiores utilizando a Estimulação Elétrica Neuromuscular (Reprodução/EESC USP)
Vestindo um equipamento robótico, que envolverá suas pernas e tronco, um adolescente paraplégico dará o chute inicial na cerimônia de abertura da Copa do Mundo, em 12 de junho. Mas, para voltar a andar, quem perdeu o movimento das pernas talvez não precise se parecer com um ciborgue. Enquanto as vestes robóticas, ou exoesqueletos, auxiliam a locomoção do paciente, outras abordagens tentam resolver o problema de dentro para fora, ao reestabelecer a comunicação natural entre os membros e o cérebro. Técnicas como células-tronco e estímulos elétricos atuam diretamente na lesão que causou a paralisia.
No Brasil, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tem usado estímulos elétricos para devolver a diversos pacientes a capacidade de se locomover sozinhos, ainda que com ajuda de muletas ou andadores. Pacientes com lesão na medula recebem estímulos por meio de eletrodos fixados superficialmente nas pernas. As correntes elétricas atingem as raízes lombo-sacrais do paciente, neurônios que atuam na ativação dos músculos de membros inferiores, fazendo com que eles comecem a andar de forma automática. Dessa forma, a medula aprende o movimento de caminhar por repetição, sem a participação do cérebro, em um primeiro momento. "Trata-se de um mecanismo semelhante àquele em que a gente retira rapidamente a mão de uma superfície muito quente, por reflexo. A reação é tão rápida que não dá tempo da informação chegar ao cérebro", explica Alberto Cliquet Júnior, professor titular do departamento de Ortopedia e Traumatologia da Unicamp e de Engenharia Elétrica na Universidade de São Paulo.

Com o tempo, o treino repetitivo da caminhada refaz a ligação entre o cérebro e o músculo, permitindo que o controle do movimento seja voluntário. Esse tratamento é aplicado tanto em pacientes paraplégicos quanto tetraplégicos, mas a movimentação dos membros inferiores só pode ser recuperada em lesões que se localizam da região do umbigo para cima (até a vértebra T-12). Mais abaixo disso, as raízes motoras são comprometidas, e a estimulação elétrica não consegue atuar.
Movimentos recuperados — Cliquet conta que um dos primeiros pacientes que voltou a andar estava paralisado há cinco anos, em razão de um tumor na medula. Ele recuperou a capacidade de flexionar o pé, e, a partir daí, ganhou movimentos até caminhar com ajuda de muletas. Outro paciente, paraplégico por cinco anos devido a uma infecção do sistema nervoso, afirmava sentir a perna esquerda quando a direita era cutucada, e vice-e-versa, após dois anos de tratamento. Três anos mais tarde, deu os primeiros passos voluntários. "É algo que acontece de um dia para o outro, com algum tempo de tratamento. Quando a conexão é refeita, os movimentos começam a voltar", explica o pesquisador.

Para ele, esses casos de sucesso devem ser considerados "quase ficção", porque não há garantias de que todos os pacientes terão o mesmo êxito. "Alguns conseguem caminhar com apoio de muletas ou andadores, enquanto outros apenas recuperam alguns movimentos e uma parcela sequer reage ao tratamento", diz Cliquet. Não está claro porque a resposta aos estímulos varia, nem quais pacientes são mais propensos a obter benefícios.
Um dos obstáculos enfrentados pelos cientistas é que nem sempre os pacientes recuperam totalmente a sensibilidade nas pernas, o que prejudica seu equilíbrio e exige instrumentos de apoio. Ainda assim, o fato de voltar a caminhar, ainda que com os estímulos elétricos, já traz benefícios cardiovasculares e de ganho de massa óssea para os pacientes. O Ambulatório de Reabilitação Raquimedular do Hospital de Clinicas da Unicamp, que promove esse tratamento há mais de dez anos, está no limite de sua capacidade, realizando por volta de 100 atendimentos por semana.

Células-tronco — Em 2011, um grupo brasileiro ficou conhecido por um caso de sucesso no tratamento de lesão medular, com uso de células-tronco: o ex-policial baiano Maurício Ribeiro, de 47 anos, recuperou parte dos movimentos das pernas e voltou a caminhar com a ajuda de um andador, depois de nove anos paraplégico. Maurício participou da primeira etapa do projeto liderado por Ricardo Ribeiro, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e coordenador do Centro de Terapia Celular do Hospital São Rafael, em Salvador. Nessa fase da pesquisa, catorze pacientes tiveram células-tronco inseridas no local da lesão por meio de uma cirurgia. Atualmente os cientistas estão se preparando para iniciar a segunda fase, com 60 pacientes. Nessa etapa, as células serão injetadas na lesão com uma agulha. "O novo método é menos invasivo, e vai poder ser repetido mais de uma vez no mesmo paciente, enquanto com a outra técnica fizemos a inserção das células-tronco apenas uma vez", explica Ribeiro.

O tratamento retira células-tronco adultas da medula óssea do próprio paciente. Essas células, chamadas mesenquimais, são cultivadas em laboratório por cerca de 30 dias, quando aumentam em quantidade, para depois serem injetadas. O objetivo principal dessas células não é reconstituir neurônios, mas liberar substâncias que estimulam o crescimento das ligações nervosas na área lesionada. "Na região da medula onde há lesão existem poucos neurônios. O maior problema é a junção nervosa, o 'fio' que foi quebrado e precisa ser restaurado. A célula mesenquimal secreta substâncias que diminuem a inflamação e estimulam a religação do nervo", diz Ribeiro.
Até agora, os implantes foram realizados apenas em pacientes paraplégicos, com lesões na região lombar. A nova etapa vai incluir tetraplégicos também. As lesões tratadas são provocadas por traumas, como acidentes de automóvel ou quedas — ferimentos provocados por tiros, onde há o rompimento completo da medula, não participam das pesquisas até o momento.
O maior desafio na recuperação desses pacientes é a atrofia muscular após anos de paralisia — o que torna a fisioterapia essencial para o sucesso dessa técnica. Dentre os catorze pacientes que participaram do início da pesquisa, quatro conseguiram voltar a se locomover com ajuda de um andador. Trata-se de um resultado promissor, considerando-se que o principal objetivo do estudo era mostrar que o uso de células-tronco não acarretaria efeitos colaterais. "A expectativa é que com várias aplicações a gente possa obter resultados melhores, mas ainda é um caminho muito longo e difícil. Acredito que dentro de dez a quinze anos será possível alcançar resultados fantásticos com essa técnica", afirma Ribeiro.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Transplante de células-tronco recupera paciente em SP

Publicado em sexta-feira, 16 de maio de 2014 às 21:05 

Agência Estado


Uma equipe de cirurgiões da Associação Portuguesa de Beneficência, de São José do Rio Preto (SP), realizou com sucesso o primeiro transplante de células-tronco do País para tratamento da doença de Crohn. A enfermidade, que causa a inflamação do aparelho digestivo e não tem cura, atinge 5 milhões de pessoas em todo o mundo, e em seu estágio mais avançado pode levar à morte. O procedimento, realizado em 14 de outubro de 2013, só foi divulgado agora porque os médicos queriam ter certeza da recuperação da paciente, a estudante de farmácia Giselle Gomes Idalgo, 29 anos. Mas o transplante só pôde ser realizado porque a Justiça deu ganho de causa a ação ajuizada por Giselle e determinou que a cirurgia fosse paga pelo seu plano de saúde.
A cirurgia abre perspectivas para que outros pacientes de Crohn possam reivindicar o mesmo tratamento, mas como ele ainda não consta no rol dos transplantes autorizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e não está na lista da Agência Nacional de Saúde (ANS) de doenças assistidas pelas operadoras particulares, é necessário ajuizar ação judicial. "Isso é a judicialização da medicina porque muitos procedimentos não são autorizados no Brasil", comentou o hematologista Milton Ruiz, coordenador da unidade de transplantes e de terapia celular da Associação, e responsável pela cirurgia.
"Não havia outra alternativa para minha paciente. Os medicamentos que ela tomava não faziam mais efeito e ela já tinha passado por duas cirurgias para retirada de parte do intestino grosso e do intestino fino", conta o gastroenterologista Luiz Kaise Júnior, que recomendou o transplante a Giselle. "Como o Milton Ruiz já utilizava o transplante em outras doenças, pensamos na possibilidade de realizá-lo com a doença de Crohn, uma vez que esse tipo de procedimento já era feito nos Estados Unidos." O transplante seguiu protocolo da Universidade de Chicago, que realiza o mesmo tipo de cirurgia no North Western Memorial Hospital, da cidade americana. "Viajamos para aquele País e médicos de lá vieram ao Brasil para viabilizar o transplante."
Ruiz explicou que foram 29 dias entre a preparação da paciente e a conclusão do transplante. Inicialmente, a paciente recebeu medicamentos para produzir o volume necessário de células-tronco, em seguida o material foi congelado. Depois de recuperada, a paciente voltou a ser internada para receber as células, por infusão periférica. Depois disso, ainda foram necessários mais 17 dias de internação.
Recuperação.
Gisele está totalmente recuperada. Não toma medicamentos desde que saiu da cirurgia há oito meses. Ela lembra do passado difícil, quando seu peso caiu de 55 para 32 quilos e teve de largar o trabalho e a faculdade de farmácia e ainda enfrentar o preconceito da sociedade. "Em 2010 eu comecei a sentir os primeiros sintomas - dores abdominais fortes, dores nos ossos e diarreias constantes. Perdi as forças, emagreci, tive de deixar de trabalhar e estudar e não conseguia nem pegar um copo de água por causa das dores nos ossos", conta. "Foi muito sofrimento e muito preconceito, incluindo de peritos do Instituto Nacional do Seguro Nacional. Felizmente hoje estou muito bem, não tomo remédios a oito meses e me sinto saudável", afirma. "Agora quero voltar a trabalhar", diz.Em 80% dos casos, a doença de Crohn leva às intervenções cirúrgicas e em 33% à morte. No caso do transplante pode ocorrer a recidiva em cinco anos, mas há casos em que isso não ocorre. "Para mim, o que importa é que sempre tive esperança de viver, desde antes do transplante e agora muito mais", diz Giselle.
Fonte: http://www.dgabc.com.br/

terça-feira, 15 de abril de 2014

Biodente: pesquisa avança para viabilizar terceira dentição‏

Imagine perder um dente permanente, mas poder regenerá-lo sem precisar de implante? Ou então poder dizer adeus às dentaduras? Esse é o objetivo de pesquisadores que trabalham com células-tronco retiradas de dentes humanos. 
O biodente, que já existe dentro dos laboratórios, é um dente biológico e vital, com semelhança 
bem próxima ao dente humano 

O biodente, que já existe dentro dos laboratórios, é um dente biológico e vital, com semelhança bem próxima ao dente humano. “Ele seria uma terceira dentição e não mais uma prótese. Aliás, o foco é exatamente esse, que o biodente seja exatamente igual ao humano”, explica Andrea Mantesso, professora da USP e dentista especializada em células-tronco. 

Segundo pesquisas, as células-tronco que antes eram extraídas do cordão umbilical ou de células embrionárias, agora podem ser retiradas de algumas partes dos dentes, como por exemplo da polpa, que tem um potencial bom para acelerar a regeneração óssea.  

Os benefícios dessas pesquisas vão além dessa regeneração. “Além do biodente, podemos fazer reparações de tecidos dentais. Por exemplo, no tratamento de canal, em vez de usar aquela massa para fechar o dente, podemos tratá-ló com as células, devolvendo a vitalidade do dente”, diz Andrea. Porém, a professora garante que ainda deve demorar um bom tempo para que essas práticas cheguem efetivamente para a população. 

Doações
Vale informar que os bancos de dentes aceitam tanto dentes de leite como permanentes e nas mais variadas situações sejam eles desidratados, cariados, amarelados e até restaurados, pois de alguma forma eles serão aproveitados ou ajudando em diversas pesquisas ou até mesmo em treinamentos de alunos e dentistas. 
Fonte: http://saude.terra.com.br/saude-bucal/atualidades/biodente-pesquisa-avanca-para-viabilizar-terceira-denticao,fbf13216c1155410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

quarta-feira, 26 de março de 2014

Casal faz campanha por exame após perda de bebê

Uma tragédia que poderia ter sido evitada com um simples exame, o exame de cultura do estreptococo B (streptococcus B), feito em gestantes. Sem ele, o filho do casal Alexandre Marcon e Daniela Tiengo Bugno, que nasceu com 3,4 quilos e supersaudável, em 7 de janeiro deste ano, contraiu uma infecção e morreu no dia seguinte. Agora, apesar da dor, eles decidiram que vão lutar para que essa história não se repita.

O pré-natal de Daniela foi normal e ela fez todos os exames pedidos pelo médico.
 
O casal vive em São Paulo, mas Daniela, que é piracicabana e tem família aqui, escolheu a cidade para ter seu filho. Com a filha do casal, de 9 anos, foi assim também.
 
No dia 6 de janeiro deste ano, ela chegou para uma consulta de rotina - estava com 38 semanas de gestação -, mas o médico perguntou se ela não queria ficar, já que estava com dois dedos de dilatação.
 
"Ele disse que ia nascer até as 7h do dia seguinte", lembra Marcon. Daniela foi internada e teve seu filho à 1h39 do dia seguinte, 7 de janeiro. Era um bebezão, com 3,4 quilos e 50 centímetros. Duas horas depois o neném estava no quarto.
 
"Comentei com ela: ´nossa, parece que esse bebê já tem uma semana`.
 
Aí entrou um pediatra e comentou que o neném não era 9, era 10 (nota que os médicos dão para dimensionar a saúde da criança)", lembra Marcon.

Drama

Poucas horas após o parto, o casal achou o comportamento do menino estranho, já que ele não chorava, apenas resmungava.
 
"Coloquei para mamar, ele não quis", disse Marcon.
 
Após o banho, por volta das 6h, Daniela tentou alimentá-lo, mas ele não quis. 

Uma enfermeira chegou no quarto, pegou o bebê, viu que ele estava babando e decidiu levá-lo para a enfermaria. Isso aconteceu por volta das 11h. 

Daniela foi informada que o bebê vomitou e estava com falta de ar.

"Achamos que era um negócio bobo. Aí é que começou a história", disse Marcon.
 
O médico pediu exames, de sangue e raio X.
 
"Quando veio o resultado já tinha trocado o pediatra, e ele disse que o bebê estava com uma infecção muito forte", contou Daniela, em meio a lágrimas.

Os dois lembram que pessoas entravam no quarto e faziam perguntas. 

"Queriam ouvir que o problema dela tinha ocorrido antes do parto", acredita Marcon. "Fizeram perguntas do tipo ´ela chegou com a bolsa estourada? Demorou para nascer?`.
 
Aí uma pediatra deixou escapar: `Ele (o médico obstetra) pediu o exame de estreptococos B?`
 
"Gravei a palavra", contou Marcon. "´Ah, não pediu, não fez?`
 
A cara dela dizia: ´não acredito que isso aconteceu aqui dentro!`", continua ele. 

Segundo Marcon e Daniela, eles nunca ouviram falar do exame, mas descobriram depois que em São Paulo todos conhecem. 

Daniela lembra do momento em que os médicos decidiram levar o filho deles para a UTI, porque o caso era grave.
 
À meia-noite mandaram chamar o casal para ver o bebê e Marcon estranhou a movimentação de médicos e enfermeiros, que olhavam de forma estranha para eles.
 
Na UTI, Marcon tranqüilizou Daniela, dizendo que o bebê estava forte e iria sair dessa, mas desabou quando a médica disse que o caso era grave, que a bactéria é contraída na saída do parto e que poderia provocar sequelas, como cegueira e surdez, entre outras.
 
"Quando foi 3h, chamaram a gente e já fui sabendo que tinha ele tinha morrido", emociona-se Marcon.

Campanha

O comerciante não quis fazer o velório do filho e, intrigado, já começou a estudar o caso em sites especializados e confiáveis. Descobriu que um simples exame poderia ter evitado toda a dor.
 
"A cooperativa não orienta os médicos a pedirem esse exame", denuncia. "Se a mulher tiver, uma hora antes é aplicado um antibiótico para inibir as bactérias; se o bebê pegar, o tratamento entra na hora e ele fica bem", diz.

Marcon também reclama do comportamento estranho de alguns funcionários do hospital.
 
O vídeo do nascimento do filho, após a morte, foi tirado do ar.
 
Duas semanas depois, quando Daniela foi buscar os exames do bebê, entre eles o do pezinho, eles não encontraram.
 
"Disseram que poderia estar nos arquivos", conta Daniela. "Nunca coloquei ninguém na Justiça, mas quando ela falou dessa negativa, pensei em colocar. Mas quando vim falar com o médico, me desarmei", recorda Marcon, sobre o encontro com o obstetra 40 dias depois.
 
"Perguntei: ´doutor, o que aconteceu?` Ele ficou sentido mesmo, vi que ele estudou para salvar vidas e por isso não quis citar o nome dele nem o da cooperativa médica", diz ele, que foi informado pelo médico que em Piracicaba não é costume pedir esse exame.
 
"Ele está carregando a culpa e aprendeu. Eu entendo que se o médico é conveniado à cooperativa, ela tem de fazer uma portaria exigindo o exame", afirma.

Com o objetivo de conscientizar gestantes, médicos, cooperativas e convênios médicos e a população em geral, o casal agora inicia uma campanha, com anúncio em jornal, outdoors e por meio da distribuição de panfletos informativos.
 
Um dos textos diz: “Você gestante desta cidade! Seu médico lhe pediu o exame de cultura de Streptococcus B? O famoso exame do cotonete? Ele é simples e indolor, o que dói é não fazer. Por falta dele, mamãe e eu estamos de luto. Recado dado!”.
 
"O que eu quero é que uma gestante fale que fez o exame porque viu a propaganda", enfatiza o comerciante, que começou a campanha em Piracicaba.

"O que eu quero passar é que não é um problema com o qual a gestante deve se preocupar. Ela só tem de saber que tem e fazer o tratamento rápido", lembra.

"Quando falam de um neném morreu um dia depois do parto, todo mundo pensa em um neném prematuro, que não nasceu saudável. Mas ele nasceu saudável, recebeu nota 10 do pediatra", enfatiza, Marcon.

Grave

Segundo o ginecologista e obstetra Gilberto Pettan, o estrepetococo do grupo B, ou streptococcus agalactiae (EGB), é considerado o agente causador de graves infecções neonatais. 

"Pode manifestar-se como pneumonia, meningite, osteomielite, septicemia e óbito neonatal", esclarece o médico. 

De acordo com o obstetra, o sistema genital feminino é um importante reservatório desse microorganismo e a prevenção reduz substancialmente as infecções neonatais causadas por ele.
 
"O método de rastreamento é baseado na cultura de secreção vaginal e retal, entre a 35ª semana e 37ª semana de gestação, para todas as gestantes, principalmente as que têm histórias de partos prematuros", observa Pettan.

De acordo com Pettan, quem deve fazer a solicitação são os próprios obstetras, mas médicos de outras especialidades também podem fazê-lo, se necessário.
 
Antibióticos 

O obstetra Gilberto Pettan esclarece que quando os exames de cultura de estreptococos B (EGB) dão resultado positivo o tratamento é feito com antibióticos.
 
"Quando a cultura para EGB não é realizada ou desconhecida, recomenda-se o uso de antibióticos profiláticos (preventivos) quando existirem os seguintes fatores de risco: trabalho de parto com menos de 37 semanas de gestação, rotura das membranas ovulares há 18 horas ou mais, temperatura materna intraparto maior ou igual a 38º C", explica o obstetra, que alerta: "O parto cesárea não previne a transmissão materno-fetal do EGB em pacientes colonizadas, já que a bactéria pode penetrar através das membranas íntegras", observa.

Por: iG Paulista - 24/03/2014 - 11h42 | 
Eleni Destro | igpaulista@rac.com.br

Fonte: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2014/03/ig_paulista/162753-casal-faz-campanha-por-exame-apos-perda-de-bebe.html

segunda-feira, 10 de março de 2014

Cordão umbilical: médico que curou Gianecchini aconselha mães a congelar

Vanderson Rocha, especialista em células-tronco, indica essa opção para famílias com históricos de doenças graves, principalmente câncer.


O tratamento com células-tonco pode salvar vidas, e isso já foi provado. Reynaldo Gianecchini usou o procedimento na sua luta contra o câncer e teve sucesso. Para esclarecer as dúvidas sobre o assunto, o Mais Você recebeu o especialista Vanderson Rocha , responsável pela cura do ator.

Na Casa de Cristal, ele relatou como trata os pacientes em casos graves como o de Giane: “Quando a gente vai explicar, é um processo sofrido, a gente está do lado do paciente. É claro que eu sempre dou as porcentagens, mas digo que, para mim é sempre 100%. A gente está junto nesta batalha, não só eu, são várias pessoas, várias equipes. “

Especificamente em relação ao ator, ele contou o que sentiu: “É uma responsabilidade, mas uma responsabilidade por todos os pacientes, não só porque ele era o Reynaldo Gianecchini”, disse. O médico ainda explicou quais os tipos de transplante: “Você pode usar as células-tronco da medula óssea, do sangue periférico - que foi o caso do Reynaldo - , ou o sangue do cordão umbilical. Existem outros tipos de células-tronco - que são as embrionárias -, tem de cartilagem, de músculo, de neurônio”, disse.

Congelamento do cordão umbilical

Muitas mães têm dúvidas na hora de armazenar ou não seu cordão umbilical para um futuro tratamento da doença. O médico aconselhou: “Nos casos de família com doenças graves, principalmente câncer, que têm algum histórico familiar, eu recomendo congelar. Nos outros casos, sabendo que a possibilidade é mínima na atualidade, acho que depende da opção da família.”
Ele ainda comentou a vantagem que o cordão tem sobre os outros procedimentos: “A vantagem do sangue de cordão é que não precisa de um doador completamente compatível, porque as células ainda são imaturas e elas cabem em transplantes incompatíveis. Os 130 bancos de sangue de cordão no mundo são interligados. O sistema brasileiro de transplante faz a imediação entre todos os locais do mundo. Todo o processo, busca e enxerto é pago pelo governo brasileiro”, enfatizou.

Fonte: http://goo.gl/3pObeU