Nas últimas semanas
de gestação, os pés incham, a dor nas costas se torna insuportável e você não
encontra posição nem para dormir. Isso sem contar a azia, os desconfortos
intestinais e a dificuldade para evacuar. Essas reações são absolutamente
normais nesse período. Mas não se explicam, apenas, pelo aumento de peso do
bebê. Conheça suas causas e saiba o que fazer em cada situação.
Inchaço nos pés
O crescimento do útero
comprime os vasos sanguíneos e congestiona o retorno da circulação dos membros
inferiores para o coração, levando a uma dilatação do sistema vascular
periférico. Isso faz com que pernas e pés extravasem líquido para a camada
subcutânea, provocando inchaços. No final da gravidez, esse processo atinge seu
auge. Durante a gestação, a mulher tende a reter líquido, o que também
contribui para o inchaço nos pés. Para diminuir os edemas, é importante
caminhar, ativando a panturrilha e garantindo o bombeamento do sangue. O
controle do peso é igualmente recomendável, assim como o uso de meias
elásticas, que estimulam a circulação.
Dores nas costas
São inevitáveis e crônicas.
À medida que o momento do parto se aproxima, o bebê começa a se encaixar na
arcada estrutural da região pélvica e força uma abertura na ligação entre os
ossos. As contrações intensificam esse processo e a dor irradia principalmente
para as costas. A única forma de amenizar a dor é preparar melhor o corpo para
essa situação. Como? Dando a ele mais flexibilidade, o que significa fazer
fisioterapia e atividades como hidroginástica e mesmo ioga e pilates. Claro,
sempre com aval do médico e a supervisão de profissionais habilitados para isso.
Dificuldade para
dormir
Com a proximidade do parto,
encontrar uma posição confortável na hora dormir se torna uma tarefa inglória
para a mulher. O barrigão atrapalha o sono e a gestante acaba perdendo um tempo
precioso de descanso, principalmente quando aguarda filhos gêmeos. A primeira
dica dos especialistas é dormir sempre de lado, com um travesseiro entre os
joelhos e a barriga bem apoiada na cama, de preferência virada para o lado
esquerdo, o que facilita o bombeamento do sangue do coração da mãe para a
placenta, evitando o estresse do bebê. Apoiar um travesseiro nas costas também
pode melhorar o incômodo. Mas, se ele prosseguir, vale a pena adquirir um
travesseiro triangular, em forma de rampa, que apoia a mulher desde o dorso até
a cabeça. Ele melhora a sensação de falta de posição.
Azia
O crescimento do volume da
placenta eleva o músculo do diafragma e diminui a capacidade de reserva do
estômago. Paralelamente, as alterações hormonais da gravidez provocam o
relaxamento da válvula que controla a passagem de alimentos entre o esôfago e o
estômago. O resultado é o aumento do refluxo do conteúdo estomacal para o
esôfago, a famigerada azia. Para evitar essa queimação, a principal dica é
comer menos e com mais frequência, o que significa pelo menos seis vezes por
dia. É recomendável ainda mastigar muito bem os alimentos, evitar misturar
líquido enquanto come e nunca deitar após as refeições. Fuja também de frituras
e doces – prefira alimentos frescos e integrais. Se o refluxo noturno for muito
intenso, providencie um apoio para permanecer com o corpo reclinado e a cabeça
levemente suspensa durante o sono.
Câimbras
A ação hormonal e a
compressão do sistema vascular por onde retorna o sangue das partes baixas
favorecem o surgimento das câimbras, principalmente pela manhã. A dilatação dos
vasos periféricos e a diminuição do fluxo sanguíneo comprometem a oxigenação
dos músculos das pernas, e isso leva a dormências e câimbras. Além de meias
elásticas, os exercícios físicos melhoram o fluxo de sangue.
Falta de ar
Além do estômago, o aumento
do tamanho do bebê também comprime o pulmão e reduz a capacidade respiratória
da mulher, o que pode levar a eventuais crises de falta de ar. No final da
gravidez, o segredo é coordenar a respiração diante de esforços maiores,
inspirando e expirando com mais frequência e menos profundidade. O controle de
peso também é fundamental. Treinos de respiração em aulas de ioga, meditação e
similares também podem ser muito proveitosos.
Hemorroida
As hemorroidas são varizes
no ânus, que podem causar desde coceira e queimação até inchaço e dor. E a
dilatação de veias nessa região é mais frequente no final da gestação. Algumas
mulheres têm predisposição, anunciada pelas varizes em suas pernas ou nas de
sua mãe. Mas a gravidez contribui para o aparecimento de hemorroidas também por
motivos anatômicos e hormonais. A compressão circulatória causada pela expansão
do útero favorece a dilatação dos vasos, enquanto a descarga hormonal pode
levar à prisão de ventre. Essa situação cria dificuldades de evacuação e
precipita dilatações vasculares no chamado plexo hemorroidário. Para amenizar
seus efeitos, não se deve nunca forçar a evacuação. Também é importante fazer
atividade física para melhorar a circulação e se alimentar de forma
equilibrada, bebendo bastante líquido e ingerindo produtos ricos em fibras,
como vegetais. Em casos mais graves, o médico pode tratar tanto a prisão de
ventre como as hemorroidas em si.
Prisão de ventre
É um problema que acompanha
a mulher principalmente na reta final da gestação. A descarga hormonal deixa o
intestino preguiçoso por causa do relaxamento muscular, o que desfavorece o
chamado movimento peristáltico. O crescimento do útero também pode reduzir a
velocidade do fluxo do alimento no intestino. O resultado é que as fezes
demoram mais até chegarem a seu destino e acabam se ressecando, o que
caracteriza a prisão de ventre. O segredo para evitá-la é ingerir bastante
líquido e alimentos ricos em fibras. O exercício físico também é altamente
recomendável. Em situações mais críticas, seu médico pode prescrever alimentos
ou medicamentos laxativos.
Tontura e
sonolência
A compressão provocada pelo
útero impede o retorno venoso das partes baixas e os hormônios favorecem a
dilatação periférica vascular. Isso derruba a pressão sanguínea e pode causar
falta de oxigenação em várias regiões. Se o prejudicado for o sistema nervoso
central, a gestante pode sofrer tonturas. Para prevenir essa situação, a
recomendação é usar meias elásticas e ingerir muito líquido. Já a sonolência
tem a ver também com questões hormonais próprias da gravidez, mas
principalmente com a privação das oito horas recomendadas de sono por noite. A
dica aqui é fazer o possível para dormir mais, o que inclui atividade física
regular.
Incontinência
urinária
No final da gravidez, o
útero invade parte do espaço da bexiga e diminui sua capacidade de
armazenamento de urina. Resultado: a mulher tende a ir mais frequentemente ao
banheiro e, muitas vezes, nem consegue segurar. Ações hormonais também podem
tanto reduzir a capacidade funcional da bexiga como levar à frouxidão muscular
na região pélvica, causando uma perda urinária involuntária. Em geral, é um
problema que costuma sumir semanas após o parto. Uma dica para prevenir é fazer
fisioterapia, que fortalece os músculos pélvicos, sob a orientação de uma
especialista.