segunda-feira, 4 de julho de 2011

Saiba lidar com a depressão pós-parto simples

Ter um bebê traz muitas alegrias para a mulher e significa mudanças em toda a família. Mas, diferentemente do que se imagina, nem sempre a chegada de um filho representa só felicidade. Acostumar-se com a nova vida e com as responsabilidades da maternidade pode ser difícil para muitas mulheres, que acabam desenvolvendo a chamada depressão pós-parto.

Tristeza, choro recorrente e isolamento são alguns sinais que podem indicar o quadro típico da doença, que, de acordo com o Ministério da Saúde, atinge cerca de 15% das mães em todo o mundo. Os sintomas podem aparecer entre a primeira e a terceira semana pós-parto, com maior frequência na terceira.

A depressão pós-parto leve é muito comum e perdura por no máximo quinze dias após o nascimento do bebê. Chamada pelos médicos de blues, esse tipo de depressão não é considerada perigosa nem para a mãe nem para a criança. O psiquiatra do Programa Mulher do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPQ), Joel Rennó Júnior, explica o quadro clínico. “O blues atinge 80% das mulheres e é autolimitado, ou seja, não precisa de tratamento. É importante frisar que ele não caracteriza um quadro psicótico”.

Algumas mulheres têm maior propensão para desenvolver a depressão pós-parto, principalmente as que já tiveram episódios anteriores de depressão, as que têm histórico da doença na família ou sofrem de TPM. Também integram esse grupo as que tiveram início de depressão na gestação e que foram sub-diagnosticadas. “Muitas vezes, os sintomas da doença não são identificados como depressão. Por isso o pré-natal é importante, pois pode aumentar a exatidão no diagnóstico desse quadro”, alerta o psiquiatra.

Outros fatores, como gravidez indesejada ou não planejada e questões sociais, como falta de condições financeiras para ter um bebê, podem aumentar as chances de depressão pós-parto, embora não sejam definitivas. “Mulheres que planejaram a gravidez e têm condições para tal também estão sujeitas a desenvolver a doença”, salienta Rennó.

Quando o quadro se agrava
Existe um tipo mais grave de depressão pós-parto que atinge duas a cada mil mulheres. Essa pode ser prejudicial para a mãe e para o bebê. Na chamada psicose puerperal, a mulher tem pensamentos incongruentes, delírios e alucinações, além da perda de juízo e de valores. Nestes casos, é preciso procurar ajuda médica. Mulheres com transtorno bipolar do humor ou com histórico familiar da doença têm cem vezes mais chances de desenvolvê-la.

O psiquiatra do IPQ afirma que questões importantes no comportamento da mulher devem ser observadas com atenção ainda na gravidez. “Isolamento social, perda de prazer em praticar atividades que desenvolvia antes de engravidar e distúrbios do sono são sinais significativos de psicose. Mas esses sinais têm de estar aliados a uma tristeza, ao sentimento de culpa, de desesperança, ou seja, a sintomas que podem causar um prejuízo emocional e que perduram por mais de duas ou mais semanas”.

A depressão pós-parto deve ser trabalhada em âmbito familiar. É preciso observar a mulher, e, tanto o marido quanto os outros membros da família devem prestar atenção à mamãe que carrega um sentimento de culpa. “O quadro não pode evoluir, pois, se isso acontecer, ela poderá rejeitar o bebê”, afirma Rennó.

O Ministério da Saúde recomenda a permanência de outra pessoa junto à mulher durante o parto e o pós-parto como forma de contribuir para a redução da depressão. De acordo com Rennó, uma depressão que aparece até um ano após o nascimento do bebê ainda é considerada pelos médicos como depressão pós-parto.


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